
Combinação - história do diretor Ignácio Rogers aposta na fantasia e no suspense
A partir daí, o filme se assumiu como obra de terror, um gênero que sempre fascinou Rogers. “Aos cinco anos, passei das fitas infantis para as de terror, sem estágios intermediários. Acho que tudo aconteceu de forma muito natural graças à fantasia que o gênero desperta em mim. Talvez uma forma de destilar toda a escuridão e violência que percebo no mundo e em mim mesmo”, analisa.
Passado violento
O realizador afirma que é possível fazer uma leitura mais política e social de “O Diabo Branco”, especialmente quando terríveis fatos do passado são ocultados, quando não cultuados. “Acho que, especificamente na América Latina, embora pudesse ser falado da mesma forma na maior parte do mundo, andamos no chão e vivemos um presente cujo passado é violento”.
Para Rogers, estamos diante de uma tragédia de alguma forma esquecida, mas que continua ativa e poderosa. “A terra está salpicada de sangue. No passado e no presente existem horror e violência. A ideia do filme é trazer isso à tona em uma situação muito banal e leve, fazendo-o sair com força. De certa forma, é dizer que a ferida da conquista do continente ainda está aberta, não curada”, explica.
Ele avalia que a produção de terror vive uma fase de crescimento na Argentina, só interrompida pela pandemia e pelos governos de direita. “Mas tenho esperança de que logo cresça novamente. O potencial é enorme, temos tudo a descobrir nesta área. No meu caso, pretendo continuar fazendo terror, entre outros gêneros”, avalia Rogers, que atualmente escreve roteiros para um thriller e duas séries de horror.